Neste mês de novembro, quero refletir com vocês sobre as Celebrações de Finados, Todos os Santos e Santas, e Cristo Rei do Universo.
Finados: Nesse dia, não só recordamos nossos entes queridos que se foram, mas renovamos nossa certeza na ressurreição. Sentimos a dor da separação, mas não a do desespero. Sentimos o peso da saudade, mas nunca da incerteza da presença de Deus.
A morte é e sempre será um mistério que perpassa a história humana e somente a Fé nos dá a certeza de um dia participarmos da alegria eterna no céu. Se com Cristo vivemos, com Ele morremos e como Ele ressuscitaremos. O Dia de Finados lembra os mortos, mas lembra que somos vivos e vivemos da vida nova ofertada por Jesus com sua morte de cruz e ressurreição. Por isso, queremos lembrar os mortos lembrando a vida, a morte de nossos irmãos e irmãs, mas também a morte da natureza. Vivemos o padecer da natureza e sua morte nas queimadas na região amazônica e no Pantanal.
Neste ano, queremos rezar em comunhão com as famílias que perderam seus entes queridos, vítimas do coronavírus. Mas também desejamos trazer recordação e prece aos que morreram no anonimato, e quem sabe, até sozinhos.
O Prefácio 1 da Missa para os Mortos tem um tom de humana suavidade e divina certeza: “Nele refulge para nós a esperança da feliz ressurreição. E aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Ó Pai, para os que crêem em vós a vida não é tirada, mas transformada, e desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível”.
Vivamos aqui na terra preparando nossa morada no céu, pela vivência das bem aventuranças e vivendo a vida na doação por amor.
Todos os Santos e Santas: Celebrar a festa de todos os Santos e Santas é celebrar a nossa vocação à santidade. Santidade não é privilégio de ninguém. Todos os cristãos de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. É bom ressaltar que santidade não é fuga das realidades do mundo, não é ficar de mãos postas rezando o dia todo. Santidade não é beatice, não é medo de viver, é uma atitude dinâmica, uma busca de pertencer mais a Deus. Não exige boa aparência. Santidade é viver o projeto de Deus, testemunhar os valores do Reino, viver segundo o espírito das bem-aventuranças, é viver e agir de acordo com a vontade de Deus. Ser Santo significa ser de Deus. O Papa Francisco, na Exortação Apostólica “Alegrai- vos e Exultai”, exorta-nos a não termos medo de apontar para mais alto, de nos deixarmos amar e libertar por Deus. A santidade não nos torna menos humanos, porque é o encontro da nossa fragilidade com a força da graça. O Papa cita León Bloy, que dizia que na vida “existe apenas uma tristeza: a de não ser santo”.
Que o exemplo de todos os Santos e Santas revigore a nossa caminhada de santidade.
Cristo Rei: Com essa celebração, a Igreja encerra o Ano Litúrgico. Essa festa celebra o Cristo que reina pela cruz, dando a sua vida para que todos tenham vida, e vida em abundância. Cristo é rei, porque se identifica e revela um amor de predileção pelos empobrecidos. Ele afirma que tudo o que fizermos pela libertação e promoção da dignidade humana dos empobrecidos e marginalizados, é a ele que faremos, cf Mt 25,31-46. Portanto, essa festa não pode ser compreendida no sentido de triunfalismo e pompa. A festa de Cristo Rei nos mostra o caminho do reino de Cristo: o serviço. Um rei que serve a humanidade, que se fez um de nós para que pudéssemos ter acesso a ele.
Que tenhamos aprendido esta sublime lição e estejamos prontos para servir. Que por meio da solidariedade, da misericórdia e do serviço que resgatam e promovem a vida em todas as suas fases e manifestações, possamos fazer Cristo reinar no mundo de hoje.
Na festa de Cristo Rei, a Igreja no Brasil comemora o Dia dos Cristãos Leigos e Leigas. São homens e mulheres que, pela graça do Batismo, são chamados a ser sal da terra e luz do mundo.
Os leigos também são chamados a participar da ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de vida, e em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de apostolado, segundo as necessidades locais sob a guia de seus pastores (Doc. de Aparecida nº 211).
Segundo o Papa São João Paulo II, a evangelização do continente latino-americano não pode realizar-se hoje sem a colaboração dos fiéis leigos.
Bendizemos a Deus pela vida e pela missão dos cristãos leigos!
Coragem! Sigamos em frente, o Senhor está conosco!
Padre Tarcísio.