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Comunidade Nossa Senhora de Fátima - Av. Otávio Braga de Mesquita, 871 - Vila Fátima
Horários de missas
Domingo: às 7:30h, 11:00h e 19:00h
Quarta-feira: às 19:30h - Sexta-feira: às 7:30h

Comunidade São Francisco - Rua Síria, 384 - Jd. São Francisco
Horários de missas
Sábado às 19:00h

Comunidade São Lucas - Rua Ana Coelho da Silveira, 266 - Jd. Ipanema
Horários das missas
Domingo às 9:15hs (Exc. Aos 2° Domingos) e às 17:30h 2° terça-feira às 19:30h

Comunidade São Paulo Apóstolo - Rua fonte boa, 173- Vl. Barros
Horários das missas
Domingo às 9:15h - 2° quinta-feira do mês às 19h30 na Igreja da comunidade - 4º quinta-feira do mês às 19h30 nos setores da comunidade



nossa senhora de fátima

    Jubileu de 60 anos da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, da Vila Fátima

    60 ANOS DE PRESENÇA NA VIDA DO POVO DE DEUS

    “O SENHOR FEZ EM NÓS MARAVILHAS” (Lc 1, 49)

     

    Com a graça de Deus, no dia 15/08, iniciaremos o jubileu de ação de graças pelos 60 anos da nossa amada Paróquia Nossa Senhora de Fátima, hoje composta por quatro Comunidades. Esse jubileu será concluído no dia 18/08 de 2024. Com o Salmista, nós queremos cantar: “Ó Senhor eu cantarei eternamente o vosso amor” (Sl 89,2). O amor de Deus, nunca faltou  nessa caminhada bonita feita em mutirão, das comunidades, das pastorais, dos grupos de base, dos movimentos, das lideranças leigas, dos presbíteros, e das religiosas.

    Iremos fazer ao longo do Ano Jubilar, a memória histórica da presença de 60 anos da Paróquia, na vida do povo de Deus. O jubileu é um tempo de gratidão, de ação de graças, de perdão, e de compromisso.

    No jubileu Deus revela-se a nós a todo instante e a partir disto, vivemos uma relação filial com Ele em nome de Cristo Jesus. O soar da trombeta é o chamado de Deus para que possamos sair de nós mesmos indo ao encontro do nosso próximo, do nosso semelhante, pois no jubileu o Senhor faz novas todas as coisas para o bem daqueles que cooperam para o seu Reino de justiça, de amor, de fraternidade, e de paz.

    O jubileu é o tempo oportuno, maduro e de (re) organização daquilo que o próprio Deus vem nos libertando, curando e perdoando. É uma intervenção divina em nossas vidas, que impulsiona a estar sempre caminhando rumo as possibilidades e aberturas que o próprio Deus nos oferece, nos convida e nos chama.

    Por detrás do jubileu e de toda legislação que encontramos em Levítico 25, observe que o Ano Jubilar, ou jubileu é um tempo de novas relações com a terra, a nossa casa comum, com as pessoas e com Deus.

    Vivamos intensamente o jubileu de 60 anos de presença da Paróquia,  na vida do povo de Deus, o vivamos como o tempo da graça de Deus em nossas vidas, e na vida das comunidades, das pastorais  e dos movimentos.

    E cantemos com alegria as maravilhas que o Senhor fez em nós.

    Padre Tarcísio.

      MENSAGEM DA 58ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB AO POVO BRASILEIRO

      Esperamos novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça. (2Pd 3,13).
      Movidos pela esperança que brota do Evangelho, nós, Bispos do Brasil, reunidos, de modo online, na 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, de 12 a 16 de abril de 2021, neste grave momento, dirigimos nossa mensagem ao povo brasileiro.

      Expressamos a nossa oração e a nossa solidariedade aos enfermos, às famílias que perderam seus entes queridos e a todos os que mais sofrem as consequências da Covid-19. Na certeza da
      Ressurreição, trazemos em nossas preces, particularmente, os falecidos. Ao mesmo tempo,
      manifestamos a nossa profunda gratidão aos profissionais de saúde e a todas as pessoas que têm doado a sua vida em favor dos doentes, prestado serviços essenciais e contribuído para enfrentar a pandemia.

      O Brasil experimenta o aprofundamento de uma grave crise sanitária, econômica, ética, social e política, intensificada pela pandemia, que nos desafia, expondo a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira. Embora todos sofram com a pandemia, suas consequências são mais devastadoras na vida dos pobres e fragilizados.

      Essa realidade de sofrimento deve encontrar eco no coração dos discípulos de Cristo1
      . Tudo o que promove ou ameaça a vida diz respeito à nossa missão de cristãos. Sempre que assumimos posicionamentos em questões sociais, econômicas e políticas, nós o fazemos por exigência do Evangelho. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada².

      Louvamos o testemunho de nossas comunidades na incansável e anônima busca por amenizar as consequências da pandemia. Muitos irmãos e irmãs, bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas, cristãos leigos e leigas, movidos pelo autêntico espírito cristão, expõem suas vidas no socorro aos mais vulneráveis. Com o Papa Francisco, afirmamos que “são inseparáveis a oração a Deus e a solidariedade com os pobres e os enfermos”³. As iniciativas comunitárias de partilha e solidariedade devem ser sempre mais incentivadas.   É Tempo de Cuidar!

      Somos pastores e nossa missão é cuidar. Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade. Por isso, nesse momento, precisamos continuar a observar as medidas sanitárias que dizem respeito às celebrações presenciais. Reconhecemos agradecidos que nossas famílias têm sido espaço privilegiado da vivência da fé e da solidariedade. Elas têm encontrado nas iniciativas de nossas comunidades, através de subsídios e celebrações online, a possibilidade de vivenciarem intensamente a Igreja doméstica. Unidos na oração e no cuidado pela vida, superaremos esse momento.

      Na sociedade civil, os três poderes da República têm, cada um na sua especificidade, a missão de conduzir o Brasil nos ditames da Constituição Federal, que preconiza a saúde como “direito de todos e dever do Estado”4. Isso exige competência e lucidez. São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito. É necessária atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possível. O auxílio emergencial, digno e pelo tempo que for necessário, é imprescindível para salvar vidas e dinamizar a economia5, com especial atenção
      aos pobres e desempregados.

      É preciso assegurar maiores investimentos em saúde pública e a devida assistência aos
      enfermos, preservando e fortalecendo o Sistema Único de Saúde – SUS. São inadmissíveis as tentativas sistemáticas de desmonte da estrutura de proteção social no país. Rejeitamos energicamente qualquer iniciativa que intente desobrigar os governantes da aplicação do mínimo constitucional do orçamento na saúde e na educação.

      A educação, fragilizada há anos pela ausência de um eficiente projeto educativo nacional,
      sofre ainda mais no contexto da pandemia, com sérias consequências para o futuro do país. Além de eficazes políticas públicas de Estado, é fundamental o engajamento no Pacto Educativo Global, proposto pelo Papa Francisco6.

      Preocupa-nos também o grave problema das múltiplas formas de violência disseminada na
      sociedade, favorecida pelo fácil acesso às armas. A desinformação e o discurso de ódio,
      principalmente nas redes sociais, geram uma agressividade sem limites. Constatamos, com pesar, o uso da religião como instrumento de disputa política, justificando a violência e gerando confusão entres os fiéis e na sociedade.

      Merece atenção constante o cuidado com a casa comum, submetida à lógica voraz da
      “exploração e degradação”7. É urgente compreender que um bioma preservado cumpre sua funçãoprodutiva de manutenção e geração da vida no planeta, respeitando-se o justo equilíbrio entre produção e preservação. A desertificação da terra nasce da desertificação do coração humano. Acreditamos que “a liberdade humana é capaz de limitar a técnica, orientá-la e colocá-la ao serviço de outro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral”8.

      É cada vez mais necessário superar a desigualdade social no país. Para tanto, devemos
      promover a melhor política9, que não se submete aos interesses econômicos, e seja pautada pela fraternidade e pela amizade social, que implica não só a aproximação entre grupos sociais distantes, mas também a busca de um renovado encontro com os setores mais pobres e vulneráveis10.

      Fazemos um forte apelo à unidade da sociedade civil, Igrejas, entidades, movimentos sociais e todas as pessoas de boa vontade, em torno do Pacto pela Vida e pelo Brasil. Assumamos, com renovado compromisso, iniciativas concretas para a promoção da solidariedade e da partilha. A travessia rumo a um novo tempo é desafiadora, contudo, temos a oportunidade privilegiada de reconstrução da sociedade brasileira sobre os alicerces da justiça e da paz, trilhando o caminho da fraternidade e do diálogo. Como nos animou o Papa Francisco: “o anúncio Pascal é um anúncio que renova a esperança nos nossos corações: não podemos dar-nos por vencidos!”11.

      Com a fé em Cristo Ressuscitado, fonte de nossa esperança, invocamos a benção de Deus
      sobre o povo brasileiro, pela intercessão de São José e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

      Brasília, 16 de abril de 2021.

      Tempo Pascal: vida nova, nova criação, nova comunidade e povo da nova aliança. Cristo está vivo, venceu a morte e as forças contrárias ao seu projeto de vida de salvação e de libertação. Sua missão continua na vida e na missão dos seus discípulos de ontem e de
      hoje.

      A comunidade cristã é o lugar privilegiado para se encontrar com o Ressuscitado.
      Quando a comunidade no dia do Senhor se reúne para ouvir a Palavra e para partir o pão, ali ele pode ser ouvido e visto com os olhos da fé.

      O Cristo Ressuscitado é o centro da comunidade cristã, e ao seu redor ela se estrutura e
      dele recebe a vida que a anima e que lhe permite se lançar na missão sem medo e enfrentar as dificuldades, os desafios que são muitos nessa mudança de época e diante de uma globalização da indiferença.

      Não é necessário exigência de sinais extraordinários e miraculosos para provar que Jesus
      ressuscitou. Jesus é o grande milagre de Deus. Basta a fé nas provas e nos sinais que encontramos na vida da comunidade cristã, para crer que de fato Jesus venceu
      a morte, e está vivo.

      Na vida de comunidade encontramos as provas de que Jesus está vivo. É no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o Pão de Jesus partilhado (Eucaristia), na partilha e no serviço, que se descobre Jesus Ressuscitado.

      Diante da incredulidade de Tomé e dos incrédulos de hoje, Jesus diz:
      “Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29).

      O Tempo Pascal é um tempo privilegiado e propício para a uma maior valorização da
      comunidade cristã e da missão que ela recebeu de Cristo Ressuscitado.

      Sem comunidade, não há como viver autenticamente a experiência cristã, e a Paróquia tem
      o grande desafio de ser este espaço, como nos afirmou o Documento de Aparecida.

      A comunidade cristã é a experiência de Igreja que acontece ao redor da casa. É a Igreja que está onde as pessoas se encontram, independente dos vínculos de território, moradia ou pertença geográfica. No Novo Testamento, a palavra casa muitas vezes significa a comunidade – igreja, construída por pedras vivas (1 Pe 2,5). As atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil apresentam a imagem da Igreja como casa,
      sustentada por quatro pilares: a Palavra, o Pão, a Caridade e a Ação Missionária.

      A comunidade cristã é casa da Palavra, na qual o discípulo escuta, acolhe e pratica a Palavra. Continuemos valorizando nossos grupos de base, que ajudam as comunidades a serem casa da Palavra. Neste tempo de pandemia, os grupos não estão se reunindo nas casas, e para evitar o esfriamento e a acomodação dos mesmos, sugerimos que os grupos
      de base se encontrem em nossas igrejas e salões.

      A comunidade cristã é casa do Pão. Ela vive da Eucaristia, que alimenta a vida de seus membros e os envia a testemunhar a vida nova que brota da ressurreição de Jesus.

      A comunidade cristã é essencialmente uma comunidade que dá testemunho de Cristo
      Ressuscitado, na força da Eucaristia.

      A comunidade cristã é casa da caridade; sendo missionária, anuncia Jesus Cristo com gestos concretos de promoção e defesa da vida em todas as suas fases, trabalhando pela justiça, e pelos direitos da pessoa humana, principalmente dos mais pobres. Sendo casa da caridade a comunidade precisa investir no trabalho e na articulação das pastorais sociais.
      Renovemos neste Tempo Pascal nosso compromisso com o mandato missionário de Jesus:
      “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (João 20,21); “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos” (Mt 28,19); “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade” (Mc 16,15).
      Deve ser meta das comunidades cristãs consolidarem a mentalidade missionária, pois Igreja missionária é compromisso de todos. A comunidade cristã é chamada a viver em estado permanente de missão, e a missão é o paradigma de toda ação eclesial.

      Que a paz do Cristo Ressuscitado esteja com todos vocês.

      Padre Tarcísio.

      Neste mês de março minha palavra será sobre a missão profética da igreja.
      A igreja, enquanto caminha na história, se sente solidária com todos os seres humanos,
      sobretudo com os pobres comungando com seus sofrimentos e vivendo suas esperanças
      (Documento Conciliar Alegria e Esperança nº 1). No cerne de suas preocupações estão a pessoa humana, que deve ser salva e a sociedade, que deve ser renovada (Documento Conciliar Alegria e Esperança nº 3). No momento presente de tão radicais mudanças culturais, em que se verifica uma profunda crise de valores, o crescimento de várias formas de violência, intolerância, polarizações e preconceitos, ameaças a direitos conquistados a duras penas pelo povo, ameaças à democracia, destruição da natureza e do meio ambiente, é dever da igreja proclamar a boa nova e a verdade do evangelho, a palavra
      profética de Jesus Cristo. Evangelizar é uma ação eminentemente profética, anúncio de uma boa nova portadora de esperança. A profecia será, pois, a forma mais eficaz de anunciar a boa nova. Dentre tantas propostas ou palavras comunicadas, discernir a verdade e o melhor nem sempre é fácil. Precisamos nos treinar para isso, com a exercitação dos sentidos e da experiência. A profecia na Bíblia, para ser legítima e crível, foi exercida e experimentada dentre o antigo povo de Deus. Mas a profecia não trata simplesmente de se adivinhar sobre o futuro e sim ouvir o que a pessoa fala em nome de Deus. A verdadeira profecia é mostrada na realização do que o profeta está dizendo.
      Os profetas no antigo testamento fizeram uma autêntica experiência de Deus que os
      levaram à consciência de que Deus não quer a opressão dos grandes sobre os pequenos, a
      exploração, a idolatria, as grandes potências dominando os pequenos e os pobres. O profeta é a consciência crítica de Deus na sociedade diante de seus erros e injustiças.
      A palavra profética, por vezes, é crítica, quando estão em jogo a dignidade da pessoa, a
      sacralidade da vida, a justiça social e a forma de viver a religião. Os profetas ensinam que a finalidade de tudo é Deus, que nos criou para o amor. Eles nos dão a base para o exercício da fraternidade, a promoção da justiça, da misericórdia e da promoção da vida plena e de sentido para todos. Precisamos de modo especial, a partir de
      nossas comunidades eclesiais, fazera conscientização para o exercício da profecia
      dentro da realidade política, social, econômica e cultural em que vivemos.
      A dimensão profética é dimensão essencial da missão evangelizadora da igreja.
      Não deixemos morrer a profecia! É tempo de profecia! É tempo de resistência!
      Que Jesus, o profeta por excelência, nos abençoe e nos conduza nos caminhos da profecia.
      Padre Tarcísio.

        Para o V Dia Mundial dos Pobres que será celebrada no próximo dia 14 de novembro o Papa Francisco apresentou a sua mensagem que inicia com as palavras: “Sempre tereis pobres entre vós” do Evangelho de São Marcos

        «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc 14, 7)

        1. «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc 14, 7): estas palavras foram pronunciadas por Jesus, alguns dias antes da Páscoa, por ocasião duma refeição em Betânia na casa de Simão chamado «o leproso». Como narra o evangelista, entrou lá uma mulher com um vaso de alabastro cheio de perfume muito precioso e derramou-o sobre a cabeça de Jesus. Este gesto suscitou grande estupefação e deu origem a duas interpretações diversas.

        A primeira delas é a indignação de alguns dos presentes, incluindo os discípulos, que, ao considerar o valor do perfume (cerca de 300 denários, equivalente ao salário anual dum trabalhador), pensam que teria sido melhor vendê-lo e dar o produto aos pobres. Segundo o Evangelho de João, é Judas que se faz intérprete desta posição: «Porque é que não se vendeu este perfume por trezentos denários, para os dar aos pobres?». E o evangelista observa: «Ele, porém, disse isto, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, como tinha a bolsa do dinheiro, tirava o que nela se deitava» (Jo 12, 5-6). Não é por acaso que esta crítica dura sai da boca do traidor: é a prova de que, quantos não reconhecem os pobres, atraiçoam o ensinamento de Jesus e não podem ser seus discípulos. Recordemos, a este propósito, as palavras fortes de Orígenes: «Judas, aparentemente, estava preocupado com os pobres. (…) Se, agora, ainda houver alguém que tem a bolsa da Igreja e fala a favor dos pobres como Judas, mas depois tira o que metem lá dentro, então tenha parte juntamente com Judas» (Comentário ao Evangelho de Mateus 11, 9).

        A segunda interpretação é dada pelo próprio Jesus e permite individuar o sentido profundo do gesto realizado pela mulher. Diz Ele: «Deixai-a. Porque estais a atormentá-la? Praticou em Mim uma boa ação» (Mc 14, 6). Jesus sabe que está próxima a sua morte e vê, naquele gesto, a antecipação da unção do seu corpo sem vida antes de ser colocado no sepulcro. Esta visão ultrapassa todas as expetativas dos convivas. Jesus recorda-lhes que Ele é o primeiro pobre, o mais pobre entre os pobres, porque os representa a todos. E é também em nome dos pobres, das pessoas abandonadas, marginalizadas e discriminadas que o Filho de Deus aceita o gesto daquela mulher. Esta, com a sua sensibilidade feminina, demonstra ser a única que compreendeu o estado de espírito do Senhor. Esta mulher anónima – talvez por isso destinada a representar todo o universo feminino que, no decurso dos séculos, não terá voz e sofrerá violências –, inaugura a significativa presença de mulheres que participam no momento culminante da vida de Cristo: a sua crucifixão, morte e sepultura e a sua aparição como Ressuscitado. As mulheres, tantas vezes discriminadas e mantidas ao largo dos postos de responsabilidade, nas páginas do Evangelho são, pelo contrário, protagonistas na história da revelação. E é eloquente a frase conclusiva de Jesus, que associa esta mulher à grande missão evangelizadora: «Em verdade vos digo: em qualquer parte do mundo onde for proclamado o Evangelho, há de contar-se também, em sua memória, o que ela fez» (Mc 14, 9).

        2. Esta forte «empatia» entre Jesus e a mulher e o modo como Ele interpreta a sua unção, em contraste com a visão escandalizada de Judas e doutros, inauguram um fecundo caminho de reflexão sobre o laço indivisível que existe entre Jesus, os pobres e o anúncio do Evangelho.

        Com efeito, o rosto de Deus que Ele revela é o de um Pai para os pobres e próximo dos pobres. Toda a obra de Jesus afirma que a pobreza não é fruto duma fatalidade, mas sinal concreto da sua presença no nosso meio. Não O encontramos quando e onde queremos, mas reconhecemo-Lo na vida dos pobres, na sua tribulação e indigência, nas condições por vezes desumanas em que são obrigados a viver. Não me canso de repetir que os pobres são verdadeiros evangelizadores, porque foram os primeiros a ser evangelizados e chamados a partilhar a bem-aventurança do Senhor e o seu Reino (cf. Mt 5, 3).

        Os pobres de qualquer condição e latitude evangelizam-nos, porque permitem descobrir de modo sempre novo os traços mais genuínos do rosto do Pai. Eles «têm muito para nos ensinar. Além de participar do sensus fidei, nas suas próprias dores conhecem Cristo sofredor. É necessário que todos nos deixemos evangelizar por eles. A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja. Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles. O nosso compromisso não consiste exclusivamente em ações ou em programas de promoção e assistência; aquilo que o Espírito põe em movimento não é um excesso de ativismo, mas primariamente uma atenção prestada ao outro, considerando-o como um só consigo mesmo. Esta atenção amiga é o início duma verdadeira preocupação pela sua pessoa e, a partir dela, desejo de procurar efetivamente o seu bem» (Papa Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 198-199).

        3. Jesus não só está do lado dos pobres, mas também partilha com eles a mesma sorte. Isto constitui também um forte ensinamento para os seus discípulos de todos os tempos. As suas palavras – «sempre tereis pobres entre vós» – pretendem indicar também isto: a sua presença no meio de nós é constante, mas não deve induzir àquela habituação que se torna indiferença, mas empenhar numa partilha de vida que não prevê delegações. Os pobres não são pessoas «externas» à comunidade, mas irmãos e irmãs cujo sofrimento se partilha, para abrandar o seu mal e a marginalização, a fim de lhes ser devolvida a dignidade perdida e garantida a necessária inclusão social. Aliás sabe-se que um gesto de beneficência pressupõe um benfeitor e um beneficiado, enquanto a partilha gera fraternidade. A esmola é ocasional, ao passo que a partilha é duradoura. A primeira corre o risco de gratificar quem a dá e humilhar quem a recebe, enquanto a segunda reforça a solidariedade e cria as premissas necessárias para se alcançar a justiça. Enfim os crentes, quando querem ver Jesus em pessoa e tocá-Lo com a mão, sabem aonde dirigir-se: os pobres são sacramento de Cristo, representam a sua pessoa e apontam para Ele.

        Temos muitos exemplos de Santos e Santas que fizeram da partilha com os pobres o seu projeto de vida. Penso, entre outros, no Padre Damião de Veuster, Santo apóstolo dos leprosos. Com grande generosidade, respondeu à vocação de ir para a ilha de Molokai – tinha-se tornado um gueto acessível apenas aos leprosos –, a fim de viver e morrer com eles. Lançando-se ao trabalho, tudo fez para tornar digna de ser vivida a existência daqueles pobres doentes e marginalizados, reduzidos à degradação extrema. Fez-se médico e enfermeiro, sem se preocupar com os riscos que corria, levando a luz do amor àquela «colónia de morte», como era designada a ilha. A lepra atingiu-o também a ele, sinal duma partilha total com os irmãos e irmãs pelos quais dera a vida. O seu testemunho é muito atual nestes nossos dias, marcados pela pandemia de coronavírus: com certeza a graça de Deus está em ação no coração de muitas pessoas que, sem dar nas vistas, se gastam concretamente partilhando a sorte dos mais pobres.

        4. Por isso precisamos de aderir com plena convicção ao convite do Senhor: «Convertei-vos e acreditai no Evangelho» (Mc 1, 15). Esta conversão consiste, primeiro, em abrir o nosso coração para reconhecer as múltiplas expressões de pobreza e, depois, em manifestar o Reino de Deus através dum estilo de vida coerente com a fé que professamos. Com frequência, os pobres são considerados como pessoas aparte, como uma categoria que requer um serviço caritativo especial. Seguir Jesus comporta uma mudança de mentalidade a esse propósito, ou seja, acolher o desafio da partilha e da comparticipação. Tornar-se seu discípulo implica a opção de não acumular tesouros na terra, que dão a ilusão duma segurança em realidade frágil e efémera; ao contrário, requer disponibilidade para se libertar de todos os vínculos que impedem de alcançar a verdadeira felicidade e bem-aventurança, para reconhecer aquilo que é duradouro e que nada e ninguém pode destruir (cf. Mt 6, 19-20).

        Mas o ensinamento de Jesus aparece em contracorrente também neste caso, porque promete aquilo que só os olhos da fé podem ver e experimentar com certeza absoluta: «Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna» (Mt 19, 29). Se não se optar por tornar-se pobre de riquezas efémeras, poder mundano e vanglória, nunca se sará capaz de dar a vida por amor; viver-se-á uma existência fragmentária, cheia de bons propósitos mas ineficaz para transformar o mundo. Trata-se, portanto, de abrir-se decididamente à graça de Cristo, que pode tornar-nos testemunhas da sua caridade sem limites e restituir credibilidade à nossa presença no mundo.

        5. O Evangelho de Cristo impele a ter uma atenção muito particular para com os pobres e requer que se reconheça as múltiplas, demasiadas, formas de desordem moral e social que sempre geram novas formas de pobreza. Parece ganhar terreno a conceção segundo a qual os pobres não só são responsáveis pela sua condição, mas constituem também um peso intolerável para um sistema económico que coloca no centro o interesse dalgumas categorias privilegiadas. Um mercado que ignora ou discrimina os princípios éticos cria condições desumanas que se abatem sobre pessoas que já vivem em condições precárias. Deste modo assiste-se à criação incessante de armadilhas novas da miséria e da exclusão, produzidas por agentes económicos e financeiros sem escrúpulos, desprovidos de sentido humanitário e responsabilidade social.

        Além disso, no ano passado, veio juntar-se outra praga que multiplicou ainda mais o número dos pobres: a pandemia. Esta continua a bater à porta de milhões de pessoas e, mesmo quando não traz consigo o sofrimento e a morte, todavia é portadora de pobreza. Os pobres têm aumentado desmesuradamente e o mesmo, infelizmente, continuará a verificar-se ainda nos próximos meses. Alguns países estão a sofrer gravíssimas consequências devido à pandemia, a ponto de as pessoas mais vulneráveis se encontrarem privadas de bens de primeira necessidade. As longas filas diante das cantinas para os pobres são o sinal palpável deste agravamento. Um olhar atento requer que se encontrem as soluções mais idóneas para combater o vírus a nível mundial, sem olhar a interesses de parte. De modo particular, é urgente dar respostas concretas a quantos padecem o desemprego, que atinge de maneira dramática tantos pais de família, mulheres e jovens. A solidariedade social e a generosidade de que muitos, graças a Deus, são capazes, juntamente com projetos clarividentes de promoção humana, estão a dar e darão um contributo muito importante nesta conjuntura.

        6. Entretanto permanece de pé uma questão, nada óbvia: Como se pode dar uma resposta palpável aos milhões de pobres que tantas vezes, como resposta, só encontram a indiferença, quando não a aversão? Qual caminho de justiça é necessário percorrer para que as desigualdades sociais possam ser superadas e seja restituída a dignidade humana tão frequentemente espezinhada? Um estilo de vida individualista é cúmplice na geração da pobreza e, muitas vezes, descarrega sobre os pobres toda a responsabilidade da sua condição. Mas a pobreza não é fruto do destino; é consequência do egoísmo. Portanto é decisivo dar vida a processos de desenvolvimento onde se valorizem as capacidades de todos, para que a complementaridade das competências e a diversidade das funções conduzam a um recurso comum de participação. Há muitas pobrezas dos «ricos» que poderiam ser curadas pela riqueza dos «pobres», bastando para isso encontrarem-se e conhecerem-se. Ninguém é tão pobre que não possa dar algo de si na reciprocidade. Os pobres não podem ser aqueles que apenas recebem; devem ser colocados em condição de poder dar, porque sabem bem como corresponder. Quantos exemplos de partilha diante dos nossos olhos! Os pobres ensinam-nos frequentemente a solidariedade e a partilha. É verdade que são pessoas a quem falta algo e por vezes até muito, se não mesmo o necessário; mas não falta tudo, porque conservam a dignidade de filhos de Deus que nada e ninguém lhes pode tirar.

        7. Impõe-se, pois, uma abordagem diferente da pobreza. É um desafio que os governos e as instituições mundiais precisam de perfilhar, com um modelo social clarividente, capaz de enfrentar as novas formas de pobreza que invadem o mundo e marcarão de maneira decisiva as próximas décadas. Se os pobres são colocados à margem, como se fossem os culpados da sua condição, então o próprio conceito de democracia é posto em crise e fracassa toda e qualquer política social. Com grande humildade, temos de confessar que muitas vezes não passamos de incompetentes a respeito dos pobres: fala-se deles em abstrato, fica-se pelas estatísticas e pensa-se sensibilizar com qualquer documentário. Ao contrário, a pobreza deveria incitar a uma projetação criativa, que permita fazer aumentar a liberdade efetiva de conseguir realizar a existência com as capacidades próprias de cada pessoa. Pensar que a posse de dinheiro consinta e aumente a liberdade é uma ilusão de que devemos afastar-nos. Servir eficazmente os pobres incita à ação e permite encontrar as formas mais adequadas para levantar e promover esta parte da humanidade, demasiadas vezes anónima e sem voz, mas que em si mesma traz impresso o rosto do Salvador que pede ajuda.

        8. «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc 14, 7): é um convite a não perder jamais de vista a oportunidade que se nos oferece para fazer o bem. Como pano de fundo, pode-se vislumbrar o antigo mandamento bíblico: «Se houver junto de ti um indigente entre os teus irmãos (…), não endurecerás o teu coração e não fecharás a tua mão ao irmão necessitado. Abre-lhe a tua mão, empresta-lhe sob penhor, de acordo com a sua necessidade, aquilo que lhe faltar. (…) Deves dar-lhe, sem que o teu coração fique pesaroso; porque, em recompensa disso, o Senhor, teu Deus, te abençoará em todas as empresas das tuas mãos. Sem dúvida, nunca faltarão pobres na terra» (Dt 15, 7-8.10-11). E no mesmo cumprimento de onda se coloca o apóstolo Paulo, quando exorta os cristãos das suas comunidades a socorrer os pobres da primeira comunidade de Jerusalém e a fazê-lo «sem tristeza nem constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria» (2 Cor 9, 7). Não se trata de serenar a nossa consciência dando qualquer esmola, mas antes contrastar a cultura da indiferença e da injustiça com que se olha os pobres.

        Neste ponto, faz-nos bem recordar as palavras de São João Crisóstomo: «Quem é generoso não deve pedir contas do comportamento, mas somente melhorar a condição de pobreza e satisfazer a necessidade. O pobre só tem uma defesa: a sua pobreza e a condição de necessidade em que se encontra. Não lhe peças mais nada; mesmo que fosse o homem mais malvado do mundo, se lhe vier a faltar o alimento necessário, libertemo-lo da fome. (…) O homem misericordioso é um porto para quem está em necessidade: o porto acolhe e liberta do perigo todos os náufragos, sejam eles malfeitores, bons ou como forem. Aos que se encontram em perigo, o porto acolhe-os, coloca-os em segurança dentro da sua enseada. Também tu, portanto, quando vês por terra um homem que sofreu o naufrágio da pobreza, não o julgues, nem lhe peças conta do seu comportamento, mas liberta-o da desventura» (Discursos sobre o pobre Lázaro, II, 5).

        9. É decisivo aumentar a sensibilidade para se compreender as exigências dos pobres, sempre em mutação por força das condições de vida. Com efeito, nas áreas economicamente mais desenvolvidas do mundo, está-se menos predisposto hoje que no passado a confrontar-se com a pobreza. O estado de relativo bem-estar ao qual se habituaram torna mais difícil aceitar sacrifícios e privações. Está-se pronto a tudo só para não ficar privado daquilo que foi fruto de fácil conquista. Deste modo, cai-se em formas de rancor, nervosismo espasmódico, reivindicações que levam ao medo, à angústia e, nalguns casos, à violência. Este não é o critério sobre o qual construir o futuro; também estas são formas de pobreza, para as quais não se pode deixar de olhar. Devemos estar abertos a ler os sinais dos tempos que exprimem novas modalidades de ser evangelizadores no mundo contemporâneo. A assistência imediata para acorrer às necessidades dos pobres não deve impedir de ser clarividente para atuar novos sinais do amor e da caridade cristã como resposta às novas pobrezas que experimenta a humanidade de hoje.

        Faço votos de que o Dia Mundial dos Pobres, chegado já à sua quinta celebração, possa radicar-se cada vez mais nas nossas Igrejas locais e abrir-se a um movimento de evangelização que, em primeira instância, encontre os pobres lá onde estão. Não podemos ficar à espera que batam à nossa porta; é urgente ir ter com eles às suas casas, aos hospitais e casas de assistência, à estrada e aos cantos escuros onde, por vezes, se escondem, aos centros de refúgio e de acolhimento… É importante compreender como se sentem, o que estão a passar e quais os desejos que têm no coração. Façamos nossas as palavras inflamadas do Padre Primo Mazzolari: «Gostaria de pedir-vos para não me perguntardes se existem pobresquem são e quantos são, porque tenho receio que tais perguntas representem uma distração ou o pretexto para escapar duma específica indicação da consciência e do coração. (…) Os pobres, eu nunca os contei, porque não se podem contar: os pobres abraçam-se, não se contam» (Revista «Adesso», n.º 7, 15 de abril de 1949). Os pobres estão no meio de nós. Como seria evangélico, se pudéssemos dizer com toda a verdade: também nós somos pobres, porque só assim conseguiríamos realmente reconhecê-los e fazê-los tornar-se parte da nossa vida e instrumento de salvação.

        Roma, São João de Latrão, na Memória de Santo António, 13 de junho de 2021.

        [Francisco]

        Mensagem do Papa Francisco por ocasião da Campanha da Fraternidade 2021

        Realizada pela CNBB todos os anos no tempo da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, a Campanha da Fraternidade de 2021 é promovida de forma ecumênica, ou seja, em parceria entre várias Igrejas Cristãs.

        Vatican News

        A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) abriram na manhã desta Quarta-feira de Cinzas, 17 de fevereiro, a quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE). A abertura foi realizada de forma simbólica e virtual com a divulgação de um vídeo com pronunciamentos de representantes das Igrejas que compõem o Conic.

        Neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, extraído da carta de São Paulo aos Efésios, capítulo 2, versículo 14.

        Realizada pela CNBB todos os anos no tempo da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, a Campanha da Fraternidade de 2021 é promovida de forma ecumênica, ou seja, em parceria entre várias Igrejas Cristãs. A CFE 2021 quer convidar os cristãos e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual. Tudo isso através do diálogo amoroso e do testemunho da unidade na diversidade, inspirados e inspiradas no amor de Cristo.

        A abertura virtual deve-se à escolha das entidades promotoras da Campanha como forma de prevenção da Covid-19. De acordo com o bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, a decisão foi tomada em comum acordo com a diretoria do CONIC, “para evitar aglomeração nesse momento em que a pandemia assume números que nos assustam”. Para dom Joel, “é necessário dar testemunho a respeito da importância das medidas sanitárias” e, para isso, os “recursos informáticos” disponíveis serão utilizados.

        O Papa Francisco enviou uma mensagem escrita para o início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade 2021.

        Eis o texto integral:

        Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

        Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade. Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.

        Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).

        Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

        Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis. Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

        Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021.

        [Franciscus PP.]

         

        Irmãos e irmãs em Cristo Jesus,

         

        CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

         

         

        “Não apagueis o Espírito, não desprezais as profecias, mas examinai tudo e guardai o que for bom” (1 Ts 5,21)

         

        1. No exercício de nossa missão evangelizadora, deparamo-nos com inúmeros desafios, diante dos quais não podemos esmorecer, mas, ao contrário, buscar forças para responder com tranquilidade e esperança.
        2. Nosso país vive um tempo entristecedor, com tantas mortes causadas pela covid-19, um processo de vacinação que gostaríamos fosse mais rápido e uma população que se cansou de seguir as medidas de proteção sanitária. Nosso coração de pastores sofre diante de tantas sequelas que surgem a partir da pandemia, em especial o empobrecimento e a fome.

         

        A Campanha da Fraternidade 2021 e suas características

         

        1. Em meio a tudo isso e atendendo à solicitação de irmãos bispos, desejamos abordar a Campanha da Fraternidade deste ano. Algumas afirmações têm ocasionado insegurança e mesmo perplexidade.
        2. Como sabemos, a Campanha da Fraternidade é uma riqueza da Igreja no Brasil, nascida e amadurecida não sem dificuldades e mesmo sofrimentos. A cada Campanha, o aprendizado se fortalece e se mostra continuamente necessário. Assim acontece com cada tema escolhido e assim acontece quando as Campanhas, desde o ano 2000, são feitas em modo ecumênico.
        3. Para este ano, o tema escolhido foi o diálogo, com o tema, portanto, fraternidade e diálogo: compromisso de amor. Trata-se, como explicado nas formações feitas pelo nosso Setor de Campanhas, do recolhimento dos temas anteriores, em especial desde 2018, que tratou da superação da violência, até 2020, quando apresentou-se a proposta cristã do cuidado.
        4. Para 2021, conforme aprovação em nossa Assembleia Geral de 2018, a Campanha foi construída ecumenicamente e, conforme costume desde o ano 2000, sob a responsabilidade do CONIC. Nas primeiras reuniões, discerniu-se pelo tema do diálogo, urgência num tempo de polarizações e fanatismos, cabendo então ao CONIC a construção do texto-base. Isso foi feito conforme está explicado na apresentação do mesmo, com detalhamento da equipe elaboradora, na pág. 9.
        5. Consequentemente, o texto seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do CONIC. Foram realizadas várias reuniões, o texto passou por revisão da assessoria teológica do CONIC, uma assessoria com membros das diversas igrejas, chegando, então, ao que hoje temos. Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado pela comissão da CNBB, pois são duas compreensões distintas, ainda que em torno do mesmo ideal de servir a Jesus Cristo. O texto-base desse ano, por conseguinte, deve ser assim compreendido, como o foi nas Campanhas da Fraternidade levadas a efeito de modo ecumênico.

         

        Algumas questões específicas

         

        1. Nos últimos dias, reações têm surgido quanto ao texto. Apresentam argumentos que esquecem da origem do texto, desejando, por exemplo, de uma linguagem predominantemente católica. Trazem ainda preocupações com relação a aspectos específicos, a saber, as questões de gênero, conforme os números 67 e 68 do referido texto.
        2. A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que “gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeitos a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).

         

        Uma ajuda destacável

         

        10. Já pronto o texto-base, fomos presenteados com a Fratelli Tutti, que recomendamos vivamente seja também utilizada como subsídio para a Campanha da Fraternidade deste ano. Ela estabelece forte conexão entre o tema de 2020 e o de 2021, cuidado e diálogo, e muito ajudará na reflexão sobre o diálogo e a fraternidade.

         

        Coleta da Solidariedade

         

        1. Junto com essas preocupações de conteúdo, surgiu ainda a sugestão de que não se faça a oferta da solidariedade no Domingo de Ramos, uma vez que existiria o risco de aplicação dos recursos em causas que não estariam ligadas à doutrina católica.
        2. Lembramos que, em 2019, foi distribuída pelo Fundo Nacional de Solidariedade – FNS a quantia de R$3.814.139,81, fruto da generosidade de nossas comunidades, não se incluindo nessa quantia o que foi destinado aos fundos diocesanos. Em 2020, por causa da pandemia, não ocorreu arrecadação. Somente com a ajuda da instituição alemã Adveniat conseguimos atender a 15 projetos.
        3. Sobre isso, recordamos que o FNS segue rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. Desde o início da construção da Campanha da Fraternidade de 2021, temos informado ao CONIC a respeito da dificuldade e até mesmo da impossibilidade de mantermos a estrutura do Fundo de Solidariedade como ocorrido nas Campanhas ecumênicas anteriores. Sobre este ponto, tendo como base a última dessas Campanhas, a de 2016, esta Presidência já manifestou ao CONIC as dificuldades e, por espírito de comunhão e corresponsabilidade, vai conversar sobre o assunto na próxima reunião do CONSEP. A conclusão será informada em seguida.

         

        Desse modo:

         

        1. Em consequência, respeitando a autonomia de cada irmão bispo junto aos seus diocesanos e como não poucos irmãos nos têm solicitado indicações para informar ao povo sobre a CF 2021, consideramos importante que sejam destacados os seguintes aspectos:
          1. 1)  A Campanha da Fraternidade é um valor que não podemos descartar.
          2. 2)  Alguns temas, conforme seu modo de ser apresentado, tornam-se mais difíceis que outros.
          3. 3)  A Igreja tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela.
          4. 4)  Os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica.
          5. 5)  A causa ecumênica se mantém importante. “Uma comunidade cristã que crê em Cristo e deseja com o ardor do Evangelho a salvação da humanidade não pode de forma alguma fechar-se ao apelo do Espírito que orienta todos os cristãos para a unidade plena e visível… O ecumenismo não é apenas uma questão interna das comunidades cristãs, mas diz respeito ao amor que Deus, em Cristo Jesus, destina ao conjunto da humanidade; e criar obstáculos a este amor é uma ofensa a Ele e ao Seu desígnio de reunir todos em Cristo” (S. João Paulo II, Encíclica Ut Unum Sint, 99)
        2. Concluímos lembrando a importância da Campanha da Fraternidade na história da evangelização do Brasil. É nossa marca. Cabe-nos cuidar dela, melhorá-la sempre mais por meio do diálogo, assim como nos cabe cuidar da causa ecumênica, um ideal que se nos impõe. Se nem sempre é fácil cuidar de ambos e de muitos outros aspectos de nossa ação evangelizadora, nem por isso devemos desanimar e romper a comunhão, uma de nossas maiores marcas, um tesouro que o Senhor Jesus nos deixou e do qual não podemos abrir mão. Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos.

         

        Brasília, 09 de fevereiro de 2021

        D. Walmor Oliveira de Azevedo

        Arcebispo de Belo Horizonte, MG Presidente

        D. Jaime Spengler

        Arcebispo de Porto Alegre, RS 1o Vice-Presidente

        D. Mário Antônio da Silva

        Bispo de Roraima, RR 2o Vice-Presidente

        D. Joel Portella Amado

        Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ Secretário-Geral

         

         

        Quaresma: Caminhada para a celebração da Páscoa, a ressurreição do Senhor.

        Celebrada desde o século IV, a Quaresma vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, inclusive.

         

        Nesses quarenta dias, o Senhor nos chama a sair de nossas trevas e a encaminharmo-nos rumo a Ele, que é a luz. Quaresma é período de penitência destinado a nos renovarmos em Cristo, a renascermos do alto, do amor de Deus. E é por isso que a Quaresma é, por natureza, tempo de esperança. Neste sentido, é preciso olhar para a experiência do Êxodo do povo de Israel, que Deus libertou da escravidão do Egito por meio de Moisés, e o guiou durante quarenta anos no deserto até entrar na terra da liberdade. Jesus nos indica o caminho da nossa peregrinação pelo deserto da vida, um caminho exigente, mas cheio de esperança. O êxodo quaresmal é o caminho no qual a própria esperança se forma. É um caminho dificultoso, como é justo que seja, mas um caminho pleno de esperança.

         

        A palavra de Deus exorta-nos a nos convertermos e a crermos no Evangelho, e a Igreja indica-nos na oração, na esmola e no jejum, assim como na generosa ajuda aos irmãos, os meios, através dos quais podemos entrar no clima da autêntica renovação interior e comunitária.

         

        A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa da Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus “de todo o coração” (Jl 2,12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade do Senhor.

         

        A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove este ano, durante a Quaresma, a Campanha da Fraternidade, cuja finalidade principal é vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da Quaresma.

         

        A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, a esmola e o jejum.

         

        Neste ano, a Campanha da Fraternidade é Ecumênica; o tema é: “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor”. E o lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”. (Ef 2,14a). A Campanha da Fraternidade é um modo privilegiado pelo qual a Igreja vivencia a Quaresma. Há mais de cinco décadas, ela anuncia a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, à sociedade e ao planeta, nossa Casa Comum. A necessidade de uma reflexão sobre o tema do diálogo foi indicado por inúmeras pessoas e grupos que enviaram sugestões de tema para a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. A fé nos lembra que Cristo é nossa paz e nos anima a prosseguir pelo caminho da unidade na diversidade. A Boa Nova do Evangelho nos une e acolhe nossas diferentes experiências de testemunho cristão. A escolha por testemunhar a fé vivida em diversidade desafia-nos para realizar a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021. Com ela, afirmamos que a fraternidade e o diálogo são compromissos de amor, porque Cristo fez uma unidade daquilo que era dividido.

         

        Uma abençoada e frutuosa Quaresma a todos e a todas.

         

        Padre Tarcísio.

         

         

        Jesus: luz que brilha nas trevas, razão de nossa esperança

         

        “o povo que andava nas trevas viu brilhar uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1).

        Alegria, felicidade, regozijo tomam conta de todos porque deus faz nascer nova esperança para o povo oprimido e marginalizado. Deus quer o melhor para nós e nos dá o que ele tem de melhor. Ele nos dá seu filho Jesus. “o anjo então lhes disse não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria que será para todo o povo: hoje nasceu para vós o salvador, que é o Cristo Senhor” (lc 2,10-11).

         

        Nesta criança frágil está o amor infinito de Deus por nós, e sua solidariedade para a com a humanidade.

        Nesta criança está a esperança de um novo céu, e de uma nova terra, onde habitará a justiça, e uma sociedade mais civilizada, mais respeitosa dos direitos humanos, e mais pacificada no amor.

        O natal deste ano acontece no contexto de pandemia. Em que muitas pessoas morreram, são mais de 185.000, muitos estão infectados, são mais de 7 milhões. Muitas pessoas estão angustiadas, depressivas, com síndrome do pânico, com medo de serem contaminadas, sem perspectiva de vida, muitos se perguntam: o que será de nós? O que podemos esperar? À luz do natal de Jesus, sejamos sinais de esperança para essas pessoas que estão vivendo estas realidades dolorosas. Sejamos luz do amor do menino de Belém para todos os sofredores e sofredoras. Sejamos luz que ajuda o povo a vencer o desanimo, e o medo. Ajudemos as pessoas a se sentirem motivadas para reconstruirem suas vidas, a encontrarem razões para continuarem vivendo.

        Desejo de coração a todos, e a todas, que caminham nas comunidades que compõem a paróquia Nossa Senhora de Fátima um feliz natal com Cristo e em Cristo, razão de nossa esperança!

         

        Padre Tarcísio.

         

         

        Como a Celebração do Natal é a realização concreta do amor de Deus pela humanidade, neste mês quero refletir com vocês sobre este amor.

         

        “Deus é amor” é a definição mais correta e mais profunda de Deus. O ser de Deus, a sua essência é o amor. São João Apóstolo diz: “quem não ama não conhece Deus, porque Deus é amor” (1 Jo 4,8). Só O experimenta quem ama de verdade e sinceramente. Seu amor é abundante, transborda, extrapola, não tem medida.

        Deus ama a todos indistintamente, e não coloca condições para nos amar. Ele nos ama apesar de nossas fraquezas e infidelidades, e nos ama do jeito que somos. “Ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos” (Mt 5,45). Fomos criados por Deus por amor e para o amor. Fomos criados para amar. “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus” (1 Jo 4,7). Deus nos ama com infinito amor desde sempre, mas com frequência nós nos mostramos incapazes de responder com o mesmo amor. “Quando Israel era menino, eu o amei. Do Egito chamei o meu filho; e, no entanto, quanto mais eu chamava, mais eles se afastavam de mim” (Os 11,1-2). Deus é fiel e reafirma esse amor mesmo quando foi quebrada a harmonia do paraíso com o primeiro pecado; providenciou uma vestimenta para o homem, quando ele recusou o seu amor.

         

        Recusando o amor de Deus ele se sente nu, e sua nudez significa que toma consciência do não, dado ao amor de Deus. “Javé Deus fez duas túnicas de pele para o homem e sua mulher, e os vestiu” (Gn 3,21).

         

        Deus manifesta todo o seu amor através de Jesus Cristo, para salvar e dar a vida a todos. “Deus amou de tal forma o mundo que entregou o seu Filho único, para todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Jesus é a encarnação de seu amor, é o amor de Deus encarnado. Toda a sua vida, suas palavras, seus gestos e ações foram uma constante revelação desse amor.

         

        O amor de Deus é um amor solidário e de compaixão. “Eu mesmo vou procurar as minhas ovelhas, procurarei aquela que se perder, trarei de volta aquela que se desgarrar, curarei a que se machucar, fortalecerei a que estiver fraca” (Ez 34, 11.16).

         

        Ele nos conhece pelo nome, nós somos dele. “Agora, porém, assim diz Javé, aquele que criou vocês, Jacó, aquele que formou você, ó Israel: Não tenha medo, porque eu o redimi e o chamei pelo nome; você é meu” (Is 43,1).

         

        Deus não se esquece de nós. “Mas pode a mãe se esquecer do seu nenê, pode deixar de ter amor pelo filho de suas entranhas? Ainda que ela se esqueça, eu não me esquecerei de você. Veja, eu tatuei você na palma de minha mão” (Is 49,15-16).

         

        O amor de Deus é eterno. “Eu amei você com amor eterno; por isso, conservei o meu amor por você” (Jr 31,3).

         

        “Se alguém possui os bens deste mundo e, vendo o seu irmão em necessidade, fecha-lhe o coração, como pode o amor de Deus permanecer nele?” (1Jo 3,17). Só o serviço ao próximo, principalmente aos mais pobres e marginalizados, abre os nossos olhos para aquilo que Deus faz por nós e para o modo como Ele nos ama. Só a nossa disponibilidade para ir ao encontro do próximo mais necessitado e vítima de injustiças é que nos torna sensíveis também diante de Deus.

         

        As pessoas vão acreditar no amor de Deus e vão se convencer dele mediante o nosso testemunho. Por isso, é através da solidariedade ativa com os mais pobres, com os excluídos da vida social e econômica, com os abandonados, com os desprotegidos, com aqueles que a sociedade descarta ou considera como supérfluo que revelaremos que Deus é amor. Diante de um mundo marcado pelo ódio, pelo preconceito e por discriminações, devemos proclamar e testemunhar profeticamente: Deus é amor.

         

        Diante de tanto egoísmo, individualismo e ganância, devemos proclamar e testemunhar profeticamente: Deus é amor. Diante da idolatria do mercado, em que tudo é determinado pelo econômico e pelo lucro, em que há uma exaltação do ter em prejuízo do ser, e um consumismo, em que se gasta por gastar, devemos proclamar e testemunhar profeticamente: Deus é amor. Diante de um indiferentismo religioso e humano, em que a vida humana é ridicularizada e banalizada, devemos proclamar e testemunhar profeticamente: Deus é amor.

         

        Sejamos sinais do amor de Deus que redime, transforma e salva, todos os homens e mulheres, assim a nossa vida será um eterno Natal.

         

        Que o amor de Deus nos anime na vida e na missão. E que ele abençoe a todos no seu amor de Pai.

         

        Padre Tarcísio.