“Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa” (Mt 10, 42).
A experiência da misericórdia torna-se visível pelo testemunho concreto. Sem a prática do Evangelho no cotidiano as palavras de Jesus ficam vazias. A humanidade precisa de misericórdia e compaixão. Vivemos em tempos de extremo egoísmo. Dar de beber a quem tem sede nos ajuda a romper as barreiras do egoísmo e do individualismo, é um pequeno gesto, mas de grande significado. Jesus no alto da cruz, disse: “tenho sede”, sabemos que a sede de Jesus é também a sede da humanidade. Sede de amor, justiça, perdão, solidariedade e de tudo aquilo que não gera vida em abundância.
Falar desta obra de misericórdia nestes tempos em que é tão fácil ter água na torneira parece sem sentido. Porém, dar de beber a quem tem sede é mais do que oferecer um copo d’água. Dar de beber a quem tem sede é uma obra individual, mas que tem repercussão social. Além de praticar a misericórdia, precisamos cuidar do nosso planeta que vive com escassez de água.
Evitar o desperdício e colaborar com a nossa “casa comum”. A água é uma das substâncias mais comuns em nosso planeta, cerca de 70% da superfície da Terra é coberta por água em estado líquido. A água não é apenas importante, mas indispensável para a vida humana, representando cerca de 60% do peso de um adulto. Um ser humano pode ficar semanas sem ingerir alimentos, mas passar de três a cinco dias sem ingerir líquidos pode ser fatal. Se recuperarmos as atitudes de misericórdia e compaixão entraremos na vivência essencial do Evangelho.
Temos uma bela experiência da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, que criou uma página em uma rede social: “Água para um irmão de rua”. Por ocasião da crise de água em São Paulo, os bares e restaurantes pararam de fornecer água aos moradores de rua em torno da Cracolândia. Com esta iniciativa, conseguiram muitas doações de garrafas de água para distribuírem todos os domingos, cerca de 400 litros de água aos moradores de rua que têm sede.
Diz o Papa Francisco na Carta Encíclica Laudato Si: “Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos”. (cf. LS n.30).
Ir. Ivani Costa