CAMPANHA MISSIONÁRIA 2018
Neste mês, quero refletir com vocês sobre a Campanha Missionária realizada todos os anos no mês de outubro. Esta campanha é promovida pelas pontifícias obras missionárias.
O mês missionário tem sua origem no Dia Mundial das Missões (penúltimo domingo de outubro, este ano será dia 21). A data foi instituída pelo papa Pio XI em 1926, como dia de oração e ofertas em favor da evangelização dos povos. A inspiração vem do mandato de Jesus para anunciar a Boa Nova entre todas as nações.
O tema deste ano é: Enviados para testemunhar o Evangelho da paz. E o lema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). O tema e o lema estão em continuidade com a Campanha da Fraternidade deste ano que nos mostrou a urgência em superar a violência, promovendo uma cultura de paz, pois somos todos irmãos. E Jesus, o grande missionário do Pai, veio nos revelar o Reino da fraternidade universal, proclamando e testemunhando que Deus é Pai e que somos todos irmãos e irmãs.
Diante de uma sociedade marcada pela violência e pela cultura da morte, Deus nos chama a sermos instrumentos de paz onde nos encontrarmos. Os altos índices de violência são alarmantes e se tornam um desafio à nossa missão, principalmente nos centros urbanos. Segundo dados do Atlas da Violência de 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública de São Paulo, o Brasil tem uma taxa de homicídios 30 vezes maior que a Europa. Dentre os afetados pelo crescente número de homicídios, um grupo que se destaca: é o dos jovens. Nos anos de 2006 e 2010, o Brasil assistiu a um aumento de 23,3% nos assassinatos de seus jovens, representando 53,7% das vítimas totais no país, ou seja, 33.590 óbitos, e especificamente 94,6% são homens. Em 15 anos, se matou uma pessoa a cada 10 minutos, são 786 mil pessoas assassinadas, número maior que o das guerras da Síria e do Iraque. O número de mortes violentas também é um retrato da desigualdade racial no país, onde 71,5% das pessoas assassinadas são negras e pardas. É necessário unir forças e esforços para enfrentar a violência. Diante de tantas necessidades pastorais, de tantas situações de injustiça e violência, nos fecharmos em nossas instituições, salões e templos seria um contra-testemunho evangélico, e estaríamos negando a natureza da Igreja, que é missionária. Igreja em saída é sermos uma Igreja próxima, aberta, capaz de sair de si para ir ao encontro das pessoas, por caminhos novos, como profecia para a sociedade. Este movimento de saída renova a nossa vida e revitaliza a Igreja. Saiamos sem medo para comunicar a todos o Evangelho da vida e da paz, para vencermos a violência e a cultura de morte que está tão enraizada em nossa sociedade.
O objetivo da campanha missionária é sensibilizar, despertar vocações missionárias, criar sempre maior consciência missionária nas comunidades eclesiais e em suas lideranças.
Neste mês dedicado às missões, cada comunidade da paróquia deve dizer com ardor missionário e com consciência: nossa vida é missão. E assumir para valer este compromisso, através de gestos e atitudes missionárias. Chamo a atenção de todos e todas para o nosso projeto de visitas missionárias, que deve ser assumido por todas as forças vivas e atuantes das comunidades que compõem a paróquia. Este projeto nos ajudará a concretizar a missão permanente, que é uma das cinco urgências na ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
A missão é de Deus, com a qual devemos colaborar. Os batizados receberam “a missão de anunciar o Reino de Cristo e de Deus” e “de estabelecê-lo em todos os povos” (Documento Conciliar, Luz dos Povos 5 ) . Não podemos fugir dessa responsabilidade. O Documento de Aparecida destaca a corresponsabilidade missionária de todos os batizados. Todos somos discípulos missionários de Jesus Cristo a serviço da vida, da fraternidade e da paz.
Todos os membros da comunidade paroquial são responsáveis pela evangelização de homens e mulheres em cada ambiente (Documento de Aparecida 171).
Vivamos intensamente o mês missionário, nos fortalecendo no espírito missionário e nos comprometendo com uma Igreja de saída, como nos pede nosso amado papa Francisco. Saiamos, saiamos para anunciar e testemunhar que “Cristo é nossa paz. De dois povos, ele fez um só. Na sua carne derrubou o muro da separação: o ódio” cf. Ef 2,14.
Coragem! Vamos em frente! Eis que chegou a nossa hora missionária.
Deus os abençoe.
Padre Tarcísio.