Neste mês quero refletir com vocês sobre a Quinta Urgência na Ação Evangelizadora, Igreja a serviço da vida plena para todos.
O Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus. “Eu vim para que todos tenham vida” Jo 10, 10. Portanto, defender a vida até o fim, até as últimas consequências fez parte da vida e da missão de Jesus.
A Igreja, continuadora da missão de Jesus, deve também se colocar do lado da vida em todas as suas fases e manifestações , denunciando todo tipo de abuso e de violação à dignidade humana das pessoas. Em sua ação evangelizadora, ela deve promover insistentemente a cultura da vida, da paz e da solidariedade, contrapondo- se à cultura da morte, da violência e do descarte da vida humana. Comprometendo-nos com a cultura da vida, testemunhamos verdadeiramente nossa fé naquele que veio para que todos tenham vida, e vida abundante, feliz e de qualidade.
O discípulo de Jesus não pode se calar diante de tantas ameaças à vida e tantas injustiças que impedem a vida de nascer, crescer e se desenvolver. A vida humana é ameaçada e prejudicada, diante da destruição da natureza e do meio ambiente, da violência, do desemprego cada vez mais crescente, de um modelo econômico perverso, que coloca o lucro acima das necessidades básicas das pessoas, pois o importante é sempre o ter mais. Não posso deixar de mencionar aqui a corrupção como uma praga e um mal de nossa época, e uma das maiores violências contra a vida, pois o dinheiro roubado dos cofres públicos impede investimentos na saúde, na educação, em saneamento básico, em políticas públicas de geração de renda e de combate à miséria. Segundo estudo do Banco Mundial, o Brasil terá ao menos entre 2,5 e 3,6 milhões de novos pobres até o fim do ano. O Brasil é considerado um dos países mais desiguais do mundo, com péssima distribuição de renda, o que faz aumentar a miséria e a pobreza.
A injustiça social assume proporções de ofensa a Deus e de negação da ordem democrática, e desafia a nós cristãos, pois nosso país é considerado um país cristão. E como explicar tantas situações de injustiças e de desfiguração da pessoa humana, num país em que a maioria da população se declara cristã?
Ficar surdo e indiferente diante de tantos clamores por mais vida e mais justiça, quando somos instrumentos de Deus para ouvir o clamor de quem tem a dignidade humana violada e negada, colocamos fora da vontade de Deus e de seu projeto.
O resgate da dignidade humana dos pobres não pode limitar-se à assistência emergencial, mas exige a transformação da sociedade, da economia, numa ordem voltada para o bem comum.
É de grande importância a participação dos cristãos na luta por políticas públicas de combate à miséria e à exclusão, a participação nos vários conselhos de direitos presentes na sociedade, a participação política consciente, a atuação articulada e organizada das pastorais sociais de nossas comunidades, enfim o engajamento em movimentos sociais e populares em favor de uma vida digna para todos. Com essa participação e com esse engajamento podemos resgatar a dignidade da vida, dom de Deus, e devolver alegria e esperança aos pobres e marginalizados.
Mãos à obra! Coragem!
Vamos evangelizar com amor, ardor, alegria e misericórdia, inspirados por Maria, a primeira e grande discípula missionária de Jesus Cristo.
Deus abençoe a todos e a todas.
Padre Tarcísio.