A dignidade humana dos filhos e filhas de Deus. O serviço à vida plena, a uma vida digna para todos, é uma das urgências da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
Deus criou o ser humano, “homem e mulher ele os criou”. Mas “Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, à imagem de Deus os criou” (cf. Gn 1,27).
A criação é fruto de uma vontade pessoal, de amor, não do acaso. Significa também reconhecer que o homem e a mulher, criados semelhantes ao criador, são pessoas dotadas de liberdade e chamados à criatividade, à responsabilidade e ao amor oblativo. O ser humano não está na terra simplesmente para aguardar uma ordem, mas para colaborar com o criador. Por isso, a felicidade do ser humano não está no ter, mas no ser.
O ser humano se realiza vivendo a vida como dom de Deus para os outros. Somos parceiros de Deus na obra da criação. O dom da vida é a primeira vocação que Deus dá à pessoa humana, depois ele nos dá o dom da vida cristã pelo Batismo, e deste nasce nossa missão que dá sentido à vida humana e cristã.
Deus criou o ser humano à própria imagem porque o quis próximo de si, não somente amigo, mas filho. Deus fez os seres humanos “capazes de Deus”. Isso significa que o ser humano está aberto ao infinito, “capaz” de participar da vida divina. Paulo em Atenas citando um poeta grego, afirma: “Somos da raça do próprio Deus” (cf. At 17,28).
Crer que Deus nos quer como filho é crer que Deus nos ama. A revelação nos diz que Deus é amor (cf. Jo 4, 8). 16. Crer no amor de Deus é crer que ele quer a nossa felicidade. Aliás, o projeto de Deus para as pessoa humana é a felicidade. Deus nos quer pessoas felizes . Não uma felicidade passageira, à custa da infelicidade do outro, mas uma felicidade que acontece na prática do amordoação, uma felicidade vista como imagem e antecipação de outra felicidade, para uma vida além da morte. O verdadeiro programa de felicidade que Deus quer para nós s e e n c o n t r a n o s e r m ã o d a montanha, nas bem-aventuranças do Evangelho, cf. Mt 5,1-12.
Promover a dignidade humana da pessoa humana é missão da comunidade eclesial. Causa-nos angústia ver todas as formas de vida ameaçadas desde o seu início, em todas as suas etapas, até a morte natural. A cada dia vemos aprofundar a cultura de morte e violência. Ela é incentivada pelas redes sociais, pelos meios de comunicação social com programas sensacionalistas, e que muitas vezes fazem até apologia a essa cultura de morte.
É urgente que promovamos a cultura da vida e da paz, motivados e inspirados pelo 4º mandamento da lei de Deus e pelo Evangelho da vida, anunciado e testemunhado por Jesus Cristo. Ele, o evangelho vivo do Pai, veio para que todos tenham vida, e a tenham em abundância (Jo 10,10).
As dores e as necessidades de muitos de nossos irmãos são grandes e não podem passar despercebidas, elas desafiam nossa ação evangelizadora, nossa fé cristã. E nos dizem que não podemos ficar indiferentes e omissos. Frente aos sofrimentos de nossos irmãos, nossa atitude pastoral como comunidades cristãs deve ser de solidariedade e de acolhimento. Temos que reivindicar aquelas políticas públicas de combate à violência, à miséria, e à fome.
O Documento de Aparecida nº 118 diz: Devemos evitar “atentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor”. E o Papa Francisco, na Alegria do Evangelho nº 19 diz: “Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros”.
As atuais Diretrizes da Ação Evangelizadora sugerem que cada comunidade eclesial pergunte quais são os grupos humanos ou as categorias sociais que merecem atenção especial lhes dê prioridade no trabalho da evangelização.
Nunca é demais dizer que devemos articular e dinamizar nossas pastorais sociais, para que elas colaborem para mudar as estruturas injustas presentes em nossa sociedade.
Coragem! Esperança sempre! Mãos à obra.
Fé em Deus. Bíblia na mão e no coração, e pé na missão.
Padre Tarcísio.