“Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina” (Sb 2,1a .12).
Se Jesus tivesse ficado do lado das autoridades políticas e religiosas do seu tempo, do lado do sistema do templo, e da lei, não denunciando suas mentiras, hipocrisias, legalismos, e injustiças; se ele não tivesse proposto um Reino novo, de misericórdia, de justiça, de amor, e de paz; e se ele não tivesse ficado do lado dos pobres, dos marginalizados, dos pecadores, dos que eram considerados impuros, ele não teria sido assassinado. Sua condenação, e morte na Cruz, são consequências de sua prática libertadora em favor da vida, e da justiça.
A comoção da Quaresma, e Semana Santa, deveria ser o ponto inicial da nossa compaixão pelas dores e sofrimentos de nossos semelhantes. É esta a proposta de Jesus: que a sua dor e sofrimento nos tornem mais sensíveis às dores de milhões de crucificados.
Nossa fidelidade a Jesus, e ao seu Evangelho se mede pelo nosso compromisso com a verdade, a ética, a justiça, e a opção profética, e corajosa, pelos pobres, e indefesos. Ficar do lado dos poderosos, e de um sistema que segrega, exclui, e que mata é escolher o lado errado, é estar contra o projeto de Jesus. Não devemos ter medo das ciladas do inimigo porque Deus está conosco, e não nos abandona.
Padre Tarcísio Almeida