Em tempos de isolamento social, as Irmãs da Caridade de Ottawa oram na sacada de sua casa

 

“A Igreja ‘em saída’ é a comunidade dos/das discípulos/as missionários/as que tomam a iniciativa, que se deixam envolver e são capazes de ousar: ‘Ousemos um pouco mais ao tomar a iniciativa’ (EG 24). Tudo isso, marcado pelo convite de ‘não sermos cristãos com cara de funeral’ (EG 10).”

 

Nós, Irmãs da Caridade de Ottawa, impulsionadas pelos apelos missionários da Igreja em seus documentos recentes, pelas provocações das exortações do Papa Francisco que nos convoca a sermos uma “Igreja em saída” e pela missão própria de nossa Congregação de revelar a compaixão de Deus Pai/Mãe, descobrimos uma forma de sermos missionárias e evangelizadoras, mesmo em tempos de isolamento social.

A iniciativa surgiu praticamente do nada. Iniciamos acompanhando o povo no “panelaço”. No dia seguinte nos somamos nas palmas para os profissionais da saúde e terceiro dia (como se deu a ressurreição de Jesus) rezamos na sacada o Pai nosso naquela corrente de oração que foi um pedido da CNBB. Daí falamos: Porque não continuar fazendo uma oração simples, nesse tempo de pandemia, mas ecumênica, junto com os vizinhos dos condomínios ao redor de nossa casa?… E não é que deu certo? Primeiro foi só na garganta mesmo, do terceiro dia em diante arrumamos uma caixa de som. Aí sim, atingimos mais famílias. Cada dia fomos percebendo mais adesões, mais pessoas em suas sacadas e janelas acenando com lanternas dos celulares e no final dando boa noite cada vez mais caloroso! É emocionante de escutar as crianças respondendo amém e falando boa noite! Em seguida tivemos a ideia de fazer Live em nossa página no Facebook. Já estamos com mais de 600 visualizações e mais de 1.500 pessoas alcançadas no Facebook. Com isso, graças a Deus já estamos sendo vistas em vários estados e cidades, com muitas pessoas participando conosco desse momento de oração e evangelização. Recebemos muitas palavras de apoio dizendo que a oração está ajudando muito. Nos condomínios ao nosso redor, claro que são milhares de famílias que nos escutam, as que saem em suas janelas e sacadas para participarem, calculamos em torno de umas 200(duzentas). Somos felizes por essa iniciativa que tivemos. Cremos que foi um chamado de Deus, um sopro do Espírito Santo! Lembramos as palavras de Jesus: “O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me consagrou pela unção para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4, 18-19). Iluminadas por essa palavra, deixamos o medo de lado e nos dispusemos a rezar. De cinco minutos quando iniciamos, agora já estamos rezando 15 minutos. Procuramos cantar algumas músicas gospel, também populares que trazem mensagens de fé e esperança e que são conhecidas do povo! “Tocar com o coração, isto é crer” (LF 31), afirma Papa Francisco citando uma frase de Santo Agostinho. Então queremos tocar o coração das pessoas com as músicas, as orações de Salmos, etc. Pessoas podem estar se perguntando porque não colocamos orações e músicas sobre Maria. Como já dissemos, nossa oração quer ser o mais ecumênica possível. Para termos adesão de nossos irmãos e irmãs de outras denominações religiosas, não nos dirigimos à Maria.

Podemos dizer que, embora cada um esteja em “seu quadrado”, já começamos a sentir um embrião de comunidade, pois, pessoas já ligam em nossa casa para agradecer a oração e dizer que quando acabar esse isolamento social, faremos uma confraternização. Cada um trará um prato e comeremos juntos. Também alguém já sugeriu uma missa em nossa casa. Isso vai de encontro a uma ideia que havíamos tido de fazer uma celebração ecumênica para começar a juntar o povo. O Papa Bento XVI nos diz: “Cada um de vós faça o melhor uso possível das oportunidades à vossa disposição”. Então estamos tentando fazer isso! Somos convidados e convidadas a dirigir nosso olhar, nosso rosto para Cristo, especialmente nesta Semana Santa para encontrar em seu caminho para Jerusalém a cruz e a ressurreição. Deixando-nos guiar e iluminar pela luz de sua Palavra que liberta e salva, vamos dando sentido aos nossos sofrimentos e nossas cruzes de hoje, especialmente em tempos de grande pandemia mundial.

E assim estamos procurando animar, encorajar o povo a viver esse isolamento social e o medo dessa pandemia com fé em Deus misericordioso e compassivo. Como rezamos no Salmo 70/71: “Senhor, sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio e minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória”!

 

Concluindo: Cremos que depois desse isolamento social e com essas orações, não seremos mais as mesmas pessoas, nem os mesmos vizinhos; seremos melhores do que somos, mais próximos, mais amigos e amigas, mais irmãos e irmãs, crendo que “Eu e você, podemos muito, somos aqueles que podem trazer o amor ao mundo. Não precisa ir longe procure ao seu redor, assim a gente faz um mundo bem melhor”, como cantamos na canção de Samuel S.V.S.R, “Um mundo melhor”!

 

Irmãs da Caridade de Ottawa

 

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