A PASTORAL SOCIAL E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE

 

O Papa Francisco na alegria do Evangelho assim se expressa: Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus a serviço da libertação e da promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo.

 

 

A Igreja, guiada pelo Evangelho da Misericórdia e pelo amor ao homem, escuta o clamor pela justiça e deseja responder com todas as suas forças. Nesta linha, se pode entender o pedido de Jesus aos seus discípulos: “Daí-lhes vós mesmos de comer” (Mc 6,37), que envolve tanto cooperação para resolver as causas estruturais da pobreza e promover o desenvolvimento integral dos pobres, como os gestos mais simples e diários de solidariedade para com as misérias muito concretas que encontramos.

 

O engajamento da Igreja nos processos de transformação das estruturas da sociedade está ligado à constatação do crescimento da pobreza e marginalizações sociais. Eles são frutos do modo de organização da sociedade, que marginaliza e exclui grandes setores da população, limitando ou mesmo impedindo até o acesso aos meios materiais básicos de sobrevivência.

 

A assistência aos necessitados e engajamento nos processos de transformação das estruturas da sociedade são as duas formasfundamentais de serviço aos pobres e marginalizados desenvolvidos pela Igreja. São dimensões e formas da caridade enquanto serviço aos pobres e marginalizados que se complementam mutuamente. Afinal, as necessidades imediatas precisam ser atendidas imediatamente, mas é preciso encontrar meios eficazes de superação do estado permanente de necessidade em que se encontram grandes setores da população. É necessário promover o desenvolvimento integral dos pobres, e lutar constantemente contra a desigualdade, pois ela é a raiz dos males sociais. A transformação das estruturas da sociedade é um processo, e vai se dando aos poucos: uma pequena conquista abre possibilidades de novas conquistas e assim por diante. E vai se dando a partir da mobilização, organização e luta dos marginalizados e seus aliados: a união faz a força. É um processo social permanente. Tarefa nossa de cada dia, de toda a vida, de toda a história.

 

Basta ver que todas as conquistas sociais ao longo da história se deram mediante a mobilização, organização e luta de determinados setores da sociedade. Normalmente setores prejudicados e marginalizados na sociedade, mesmo que com o apoio e a solidariedade de outras pessoas e grupos sociais.

 

Muitas lutas foram regadas com sangue, e com muitos sofrimentos e perseguições. São os mártires da caminhada. Quantos trabalhadores pagaram com a própria vida o preço da luta por direitos trabalhistas; quantos camponeses pagaram com a própria vida a luta pela reforma agrária; quantos negros pagaram com a própria vida o preço da luta contra a escravidão. E assim por diante.

 

Nenhuma luta é em vã. Sempre se pode brotar e produzir frutos.

Padre Tarcísio.

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