Estando próxima a solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, que é celebrada na quinta-feira depois da solenidade da Santíssima Trindade, nos deparamos com o sacramento mais salutar da Igreja. Santo Tomás de Aquino nos recorda a força da Eucaristia: destrói os pecados, potencializa o crescimento das virtudes e sacia a alma com todos os dons Espirituais. Mas, de contrapartida, é presente um cenário social-eclesial, a nível mundial, não tão consonante com os dons Espirituais provindos da Sagrada Comunhão. O mundo sofre pela ganancia do poder e a Igreja perece com tantos ataques que ferem a sua unidade. O desafio que fica aos cristãos de nossas comunidades é de descobrir, nesta celebração, a verdadeira imagem e essência do Cristo empobrecido que se faz presente no pão e vinho consagrados.

 

A experiência que os discípulos realizaram no partir do pão (Lc 24,31), não foi com uma teoria ou mero sentimento de solidariedade, mas com a Pessoa de Jesus, o missionário do Pai que, sendo rico, fez-se pobre para nos enriquecer (2 Cor 8,9). Dom Luciano Mendes dizia que “Jesus é a gratuidade-gratidão, pois recebe tudo gratuitamente do Pai e então faz-se todo entregue por nós”. A vida de Jesus foi isto, de fato, uma vida para-os-outros, uma proexistencia. Jesus é a Eucaristia, é o amor recebido, agradecido e ofertado. Isso deve nos gerar uma grande inquietação enquanto comunidade eclesial, pois como recorda o Papa Bento XVI “a Igreja não se autoconstitui como uma federação de comunidades. É uma unidade não por motivo de um governo centralizado, mas um único centro comum que a todos é possível, ela tira origem do único Senhor, que no único pão a cria como único corpo”. Ou seja, na Eucaristia, somos Igreja. E continuando com as palavras de Dom Luciano Mendes: “entrar em comunhão com Cristo na Eucaristia é deixar-se possuir pelo seu dinamismo de amor e aprender com Jesus a dar a vida pelos irmãos”.

 

Sendo fruto eucarístico, devemos constantemente nos perguntar: que Igreja queremos e estamos sendo? Somos expressão eucarística? O Papa Francisco (em consonância com São João XXIII), no seguimento de Jesus, expressou claramente o seu desejo de “uma Igreja pobre para os pobres” (EG 198), que pouco se preocupa com as glórias do mundo, mas realmente se faz “eucaristia”: agradecimento e oferta. Por isso, ao nos prepararmos para esta belíssima solenidade, mais que hinos, tapetes, sinos e incensos, busquemos também honrar o corpo de Cristo se preocupando com que é próprio da Vida de Jesus: a gratidão ao Pai e a gratuidade serviçal aos pobres. “Queres Honrar o Corpo de Cristo? Não permitas que ele seja objeto de desprezo em seus membros, isto é, nos pobres, privados de vestimentas”(São João Crisóstomo). Seguindo os passos de Jesus curaremos muitas das dores da humanidade e viveremos de forma mais intensa a unidade de nossa Igreja e a nossa missão de discípulos missionários.

 

Seminarista Fernando Benetti

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress