Na minha palavra deste mês dirigida ao povo de Deus que caminha nas comunidades que compõem a paróquia, quero fazer uma reflexão sobre o grave momento político, ético e econômico do nosso país. Essa minha reflexão será inspirada nas notas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sobre o dia do trabalho, e sobre o grave momento nacional.

 

A crise que nosso país vive é mais ética e moral que econômica.

 

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Nossos bispos perguntam: O que está acontecendo com o Brasil? Um país perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna. O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos de corrupção.

 

Desvios de dinheiro público, cobrança e recepção de propinas viraram “lei” e se tornaram meios de vida para a grande maioria dos políticos brasileiros. Pessoas que foram eleitas como nossos representantes no parlamento, para servir ao bem comum de todos, transformaram a política em um balcão de negócios espúrios, transformando o bem comum em bem pessoal, e legislando em causa própria, e com isso negam a ordem e o progresso expressos em nossa bandeira. Todas essas situações nos fazem temer o futuro, sufocam a esperança, e impedem a superação da miséria e da desigualdade social. Uma das coisas que mais atrapalha o crescimento econômico de nosso país é a praga da corrupção.

 

Na nota sobre o grave momento nacional, nossos bispos dizem que é urgente retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra os males que mais afligem a vida dos brasileiros, como a violência contra a vida, o tráfico de drogas, o desemprego, a malversação dos bens públicos, o abuso do poder econômico e político, crimes ambientais, e falta de políticas públicas para a saúde, saneamento básico e de inclusão social dos mais pobres. Intimamente unida à política, a economia globalizada tem sido um verdadeiro suplício para a maioria da população brasileira, uma vez que dá primazia ao mercado, ao lucro a todo custo, em prejuízo da pessoa humana e de suas necessidades básicas, quando deveria ser o contrário. Essa economia mata, descarta e torna os mais pobres uma massa sobrante.

 

Nenhum desenvolvimento será autêntico e verdadeiro, se a pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, não tiver a primazia.

 

No esforço de superação do grave momento atual, são necessárias reformas, que se legitimam no diálogo com toda a sociedade, com vistas ao bem comum. Percebemos uma má vontade muito grande do poder executivo e legislativo em escutar a população, os seus clamores e os seus anseios. Projetos e reformas são feitos em gabinetes, por meio de conchavos políticos que visam tirar direitos e conquistas sociais dos mais pobres, sem atingir os que já são abastados. É de desejar que a reforma da previdência se torne uma oportunidade para a retomada da participação cidadã em torno de tantas questões que estão exigindo hoje uma nova abordagem e novas providências de ordem política, social e econômica.

 

Na nota sobre o dia do trabalho, nossos bispos encorajam a organização democrática e mobilizações pacíficas em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres. O Papa Francisco também afirma: Nenhum trabalhador sem teto, terra e trabalho.

 

Temos que dizer em alto e bom som aos poderes executivo, legislativo e judiciário, que tirem as mãos de nossos direitos, e que não aceitamos nenhum direito a menos.

 

Apesar de toda essa situação grave do nosso país, não vamos perder a esperança de dias melhores. O povo brasileiro tem coragem e fé. Confiemos no Deus da vida que está do lado dos sofredores e sofredoras.

 

Que possamos evangelizar com amor, ardor, alegria e misericórdia, inspirados por Maria.

 

Padre Tarcísio

 

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