‘‘SEDE, POIS, SANTOS, PORQUE EU SOU SANTO’’
O Senhor escolheu cada um de nós “para sermos santos e íntegros diante dele, no amor” (Ef 1,4).
Neste mês de novembro, em que celebramos a festa de todos os santos e santas de Deus e da humanidade, quero refletir com vocês sobre a santidade, pois todo cristão é chamado à santidade. “Sede, pois, santos, porque eu sou santo” (Lv 11,45; cf 1Pd 1,16). O Concílio Vaticano II salientou vigorosamente: “munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho”.
Para ser santo, não é necessário ser bispo, padre, religiosa ou religioso. Muitas vezes, achamos que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. Santidade não é fuga do mundo. Estamos no mundo e não somos do mundo, ou seja, nós nos santificamos procurando transformar as coisas erradas do mundo segundo a vontade de Deus. Portanto, devemos viver a santidade no mundo.
Na Igreja, santa e formada por pecadores, encontramos tudo o que precisamos para crescermos rumo à santidade. O Senhor nos cumulou de dons com a Palavra, os Sacramentos, a vida das comunidades, o testemunho dos santos e santas, e uma beleza multiforme que deriva do amor do Senhor. Esta santidade a que o Senhor nos chama irá crescendo com pequenos gestos. Por exemplo, alguém vai à feira, encontra uma pessoa conhecida, começam a falar e surgem críticas. Mas um diz consigo: “Não! Não falarei mal de ninguém”. Isso é um passo rumo à santidade. Depois alguém nos faz mal, nos prejudica imensamente, e nós não vingamos e retribuímos com o bem. Ou então podemos atravessar um momento de angústia e sofrimento, mas lembramos do amor de Deus e rezamos com fé. É mais um passo.
O Papa Francisco nos exorta a não termos medo da santidade. Ela não nos tirará forças, nem vida, nem alegria. Muito pelo contrário, chegaremos a ser o que Deus pensou quando nos criou e seremos fiéis ao nosso próprio ser. Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para este mundo dilacerado pelo ódio, pela discórdia e marcado por tantas situações de violência e morte.
Somos chamados a sermos evangelizadores e evangelizadoras, com espírito, nos abrindo sem medo à ação do Espírito, e assumindo a nossa missão de ser sal, luz e fermento no mundo, onde quer que nos encontremos.
Diz o Papa Francisco, na exortação apostólica sobre a chamada à santidade no mundo atual, nº 34: “Não tenhas medo de apontar para mais alto, de te deixares amar e libertar por Deus. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito Santo. A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça”.
Só Deus é santo, e Ele é a fonte de toda santidade. Mas como ele nos ama com amor eterno, Ele nos concede a graça de participarmos da sua santidade. E ao seu amor por nós, devemos corresponder com uma vida santa.
Jesus explicou, com toda simplicidade, o que é ser santo; assim o fez quando nos deixou as bem aventuranças (Mt 5,3-12; Lc 6,20-23). Estas são como que a carteira de identidade do cristão, o verdadeiro caminho para a perfeição, para a santidade. Assim se cada um de nós quiser saber como fazer para se tornar um bom cristão, é só cada qual, a seu modo, realizar aquilo que Jesus propõe no sermão das bem-aventuranças.
A palavra “feliz” ou “bem aventurado” torna-se sinônimo de “santo”, porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive a sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade.
Concluo essa minha palavra incentivando a todos e a todas a trilharem o caminho da santidade, e que nossas pastorais e a vida de nossas comunidades sejam Oásis de santidade para o povo de Deus. E faço minha a palavra do Papa Francisco, o mundo precisa de santos; e eu acrescento, nossas comunidades eclesiais precisam de santos e santas.
Padre Tarcísio.