A MISSÃO “AD GENTES” NO MUNDO DE HOJE
Depois do Concílio Vaticano II, encontramos situações na sociedade e na Igreja que mudam o rosto da missão. A Eclesiologia e a Missiologia caminham juntas nas suas reflexões; de fato, a Igreja não pode caminhar sem a Missão, e a Missão não pode realizar-se, senão num contexto de Igreja.
Quatro documentos marcam os caminhos da Missão: “O Anúncio do Evangelho”, de Paulo VI, a “Missão do Redentor”, de João Paulo II, a “Alegria do Evangelho”, do Papa Francisco, e o Documento de Aparecida. Paulo VI apresenta a evangelização como eixo de toda a vida eclesial, que conserva ainda todo o seu valor na atividade pastoral da Igreja, que deve ser sempre evangelizada e evangelizadora. João Paulo II abre os horizontes da Missão às novas exigências que as culturas atuais apresentam, sublinhando o “ir mais longe” que tanto nos lembra das suas viagens por todo o mundo.
“A Missão está ainda no começo”, afirma João Paulo II, contemplando o conjunto da humanidade. E o Papa Francisco nos exorta a sermos uma Igreja de saída. A evangelização está essencialmente relacionada com a proclamação do Evangelho àqueles que não conhecem Jesus Cristo ou que sempre O recusaram. Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de anunciá-lo, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível. A Igreja não cresce por proselitismo, mas “por atração”. A Igreja cresce pelo testemunho do amor e da comunhão. A atividade missionária “ainda hoje representa o máximo desafio para a Igreja” e “a causa missionária deve ser a primeira de todas as causas”. O Documento de Aparecida suscita na América Latina um novo impulso missionário. Todos somos discípulos missionários. Ele nos propõe uma conversão pastoral, que requer que as comunidades sejam comunidades de discípulos missionários ao redor de Jesus Cristo, Mestre e Pastor. É urgente e necessário passar de uma pastoral meramente de conservação para uma pastoral decididamente missionária.
Uma das definições de Missão “ad gentes” é que ela se encontra:
– na fronteira da fé: os missionários devem estar onde os riscos são maiores e há possibilidade de experimentar, de ser criativos, como criativos são os que moram “nas fronteiras” geográficas ou sociológicas;
– na periferia da fé: os missionários não devem estar no centro do poder, mas onde reinam a impotência, as muitas pobrezas que se encontram nas “periferias” existenciais e humanas;
– no deserto da fé: os missionários devem ir aonde não vai ninguém, aonde não existe ninguém como presença ou vida de Igreja. A característica de qualquer vida missionária autêntica é a alegria interior que vem da fé.
O anúncio tem a prioridade permanente na Missão, da proclamação clara da vida e da obra de Jesus, e deste compromisso a Igreja não pode esquivar-se. O primeiro anúncio tem um papel central e insubstituível na Missão “ad gentes”. Onde o anúncio ainda não chegou, a Igreja deve estar como “com dores de parto”, até alcançar a todos.
Que ajudados pelas Cinco Urgências na Ação Evangelizadora, reapresentadas pelas atuais Diretrizes da Ação Evangelizadora na Igreja no Brasil, possamos avançar no compromisso com uma evangelização marcadamente missionária e aberta a todos os povos, e sem fronteiras.
Coragem irmãos e irmãs! Bíblia na mão e no coração, e pé na missão.
Deus abençoe a todos e a todas.
Padre Tarcísio.