Neste mês em que celebramos a festa de Nossa Senhora de Fátima, padroeira da paróquia, quero refletir com vocês sobre a devoção à Virgem Maria. A devoção à Virgem Maria é sem dúvida uma grande força da nossa vivência cristã, porque longe de desviar nossa atenção do Cristo, ela nos integra no plano de salvação proposto por Deus e realizado por seu Filho, Jesus Cristo, que se encarnou e veio ao mundo.
A verdadeira devoção mariana deve sempre nos conduzir a Jesus, que é autor e consumador da fé (cf. Hb 12,2). Maria sempre nos aponta para Jesus. Nas bodas de Caná ela diz: “Façam o que ele mandar” (cf. Jo 2,5). Maria pede que acolhamos o projeto de vida e de amor de Jesus, para que todos possam ter vida plena e digna. Com os olhos postos em seus filhos e em suas necessidades, como em Caná da Galiléia, Maria ajuda a manter vivas as atitudes de atenção, de serviço, de entrega e de gratuidade que devem distinguir os discípulos de seu Filho. Cria comunhão e educa para um estilo de vida compartilhada e solidária, em fraternidade, na atenção e acolhida do outro, especialmente se é pobre ou necessitado.
Maria, ao dizer: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38), comprometeu-se profundamente com o projeto que Jesus viria propor à humanidade.
Nós celebramos Maria porque é a mãe de Deus, porque nos deu o Salvador e se tornou de fato e de direito, corredentora da humanidade. Celebrar Maria é celebrar Cristo nosso Salvador. É celebrar as grandezas de Deus, que olhou para a humildade de sua serva, e nela e por ela realizou grandes coisas.
O Papa Bento XVI, quando esteve em Aparecida em 2007, nos convidou a permanecer na escola de Maria, dizendo: “Inspirem-se em seus ensinamentos. Procurem acolher e guardar dentro do coração as luzes que ela, por mandato divino envia a vocês a partir do alto”.
Outra característica a destacar em Maria é a sua abertura à Palavra de Deus. Como nos diz o Documento de Aparecida nº 271: “Ela fala e pensa com a Palavra de Deus; a Palavra de Deus se faz a sua palavra e sua palavra nasce da Palavra de Deus”.
Permaneçamos na escola de Maria, para aprendermos sempre mais a escutar, a meditar, e a acolher a Palavra de Deus na vida, no coração, no dia-a-dia de nossa vida, porque é sábio quem escuta a Palavra de Deus e a coloca em prática.
Aparecendo aos três pastorinhos, a grande mensagem de Nossa Senhora foi o apelo à conversão. E Jesus ressuscitado envia os após tolos a anunciar em seu nome a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém (cf. Lc 24,47). O apelo feito por Nossa Senhora está em sintonia com o mandato missionário de Jesus. Continuando a obra de Jesus, a missão dos discípulos é eliminar da vida dos homens, e mulheres tudo aquilo que é pecado, o egoísmo, o orgulho, o ódio, a violência e propor a todos uma dinâmica de vida nova.
A conversão pedida por Nossa Senhora estava na perspectiva da paz, pois estava para acontecer a primeira guerra mundial, e de fato ela aconteceu. Este apelo de Nossa Senhora é sempre atual, e ele se torna forte e novo neste Ano da Paz que estamos vivenciando. Sem a conversão à solidariedade, igualdade, justiça e ao respeito à dignidade humana a paz não acontecerá. Criemos a cultura da paz contrapondo-a à cultura da violência em todas as suas formas. Sou da paz, somos da paz. Que ao celebrar a festa de Nossa Senhora de Fátima nos comprometamos em tornar nossa paróquia Comunidade de comunidades, casa do pão, da palavra e da caridade. Para isso devemos assumir nosso planejamento pastoral à luz das cinco urgências na ação evangelizadora, destacando os grupos de base, as equipes missionárias, as visitas missionárias e as pastorais sociais.
Que nossa devoção a Maria nos torne sempre mais corresponsáveis pela ação evangelizadora da Igreja. E não nos esqueçamos de que comunidade missionária é compromisso de todos.
Portanto, Bíblia na mão, no coração e pé na missão. Que Deus abençoe a todos e a todas pela intercessão de Nossa Senhora de Fátima.
Padre Tarcísio.