A Palavra do Nosso Pároco – Março 2024

A PASTORAL SOCIAL E O SERVIÇO À VIDA.

 

A Igreja a serviço da vida plena para todos, é um dos quatro pilares de sustentação da comunidade eclesial, na ação evangelizadora da Igreja no Brasil. E como é urgente este serviço que deve ser assumido por todos os membros das comunidades, mas particularmente pelas pastorais sociais.

O Brasil, ainda é um país violento e marcado por diferenças raciais, de gênero, geracionais e regionais que marcam quem são as vítimas da violência letal.

As características das mortes, se repetem: São ligadas ao tráfico de drogas, e tendo como vítimas jovens negros, e pobres da periferia. O número de assassinatos no Brasil aumenta indicando uma crise na segurança pública. E o problema da violência não se resolve apenas com mais polícia nas ruas, é necessário investir em políticas públicas para os jovens como qualificação profissional, educação de qualidade, e emprego. Urge também mais presença do poder público nas periferias, com políticas públicas de infraestrutura, como saúde, saneamento básico, áreas de lazer, educação, e projetos de inclusão social.

Outra situação preocupante é a violência contra a mulher causada pela cultura do machismo. No Brasil, uma mulher é vítima de violência a cada quatro horas. São Paulo e Rio de Janeiro tem os números mais preocupantes, concentrando quase 60% do total de casos.

Essa realidade de violência clama por uma mobilização de toda a sociedade, para que enfrente as causas da violência, e possa combater seus efeitos. É através da promoção da cultura da vida, e da paz, que os cristãos testemunham verdadeiramente a sua fé no Deus da vida, que é o Senhor da vida.  Eis ai uma frente missionária para as pastorais sociais: A colaboração na busca de políticas públicas no combate a todo tipo de violência.

É missão da comunidade cristã a promoção da cultura da vida através do enfrentamento dos desafios que a ela se impõe: a questão da violência e suas diversas faces; a falta de moradia digna, as condições que levam e mantêm populações em situação de rua e encarcerada; o problema da mobilidade urbana particularmente em nossa cidade.

A dignidade da vida humana está no centro das palavras, e das ações de Jesus. “Eu vim para todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).  Não é sub vida, é vida com qualidade, é vida digna.

A Igreja está a serviço da vida, em todas as suas fases, e expressões. Através da pastoral social organizada, e articulada a Igreja tem a missão de proclamar e testemunhar o Evangelho da vida, se colocando de maneira solidária, e fraterna a serviço dos indefesos, dos descartados, dos que são considerados supérfluos, dos que tem seus direitos negados, ou diminuídos, dos mais pobres, e marginalizados, por um modelo econômico do descarte, que privilegia o lucro, e o ter a todo custo.

As pastorais sociais não podem fazer apenas um trabalho assistencial, mas deve fazer principalmente um trabalho promocional e libertador. Elas devem colaborar para a transformação da sociedade segundo o Evangelho, e o projeto do Reino de Jesus de Nazaré. É importante ressaltar que a promoção humana é integral, ela deve promover todas as pessoas, e a pessoa toda.

“Os rostos sofredores dos pobres são rostos sofredores de Cristo. Eles desafiam o núcleo do trabalho da Igreja, da pastoral e de nossas atitudes cristãs. Tudo o que tenha relação com Cristo tem relação com os pobres, e tudo o que está relacionado com os pobres clama por Jesus Cristo: “Tudo quanto vocês fizeram a destes meus irmãos menores, o fizeram a mim”  (Mt 25,40), (Doc. de Aparecida 393).

O serviço de caridade da Igreja entre os pobres “é um campo de atividade que caracteriza de maneira decisiva a vida cristã, o estilo eclesial e a programação pastoral” (Dap 394).

Embora, as pastorais sociais tenham seus agentes, suas lideranças, seu campo de ação, todos os membros da comunidade, em nome da fé, e iluminados pela luz da Palavra de Deus, e pela doutrina social da Igreja, devem ter um compromisso social, e solidário com a dignidade humana das pessoas.

Não pode haver culto verdadeiro a Deus sem compromisso com a vida, a justiça, a paz, sem solidariedade com os injustiçados.

O serviço à vida requer respeito, e cuidado com a dignidade da pessoa humana, em todas as etapas da existência, desde a fecundação até a morte natural, não descartar nenhuma pessoa, não tratar ninguém como objeto de uso, e de prazer, tratar todo ser humano sem preconceito nem discriminação, acolhendo, perdoando, e sendo solidário com as suas necessidades materiais, e espirituais. Esse é também o apelo da Campanha da Fraternidade deste ano, sobre a fraternidade, e a amizade social.

Não podemos nos esquecer que no serviço a vida, devemos ter um compromisso ecológico, e ambiental. Devemos cuidar da nossa casa comum, como nos pede o Papa Francisco.

Que as pastorais sociais existentes nas paróquias, sejam cada vez mais atuantes, e comprometidas com a vida, com os mais pobres, e mais necessitados. Que surjam mais pessoas para serem agentes nestas pastorais.

Que Deus, Senhor da vida, da história, e de toda a criação, abençoe, e ilumine a todos, e a todas, no compromisso com a vida.

Padre Tarcísio.